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Rascunhos



Os rascunhos são as tentativas de compartilhar os procedimentos compositivos dos quais nos utilizamos no processo de Intimidade dócil.

BANKSY

10/06/2013

 

Leitura do texto: Biopolítica de Peter Pal Pelbart

 

http://revistasalapreta.com.br/index.php/salapreta/article/viewFile/210/209

15/05/2013



Sobre as perguntas de Gladis:



o desconforto proposto por Renata me vem pela boca, por eu não conseguir falar, 

descubro um ponto na garganta que me dá vontade de vomitar e com a ânsia meus olhos lacrimejam,

encontro apoios pontas, doloridas, os cotovelos, os joelhos, que se transformam nos punhos e tornozelos, quase não aguento... mas não posso desistir... é preciso resistir e insistir no desconforto

no chão pressiono a garganta, a respiração é pesada e difícil;



estados potentes, juntas e sozinhas, estado de confusão que é gerado pelas imagens (atuais e digitais), muitos sons e ruídos que não são da cena, olhos fechados, 

corpos que transitam entre a fragilidade de se compartilhar algo íntimo e simultaneamente potentes e fortes em se acusarem, enfrentarem e estabelecerem relações de poder entre si que se transformam...



não me mover como me movo em trabalhos anteriores, evitar o conhecido, não torná-lo automático, 

quando acessei um estado? como é um estado? este estado é deste trabalho ou pertence a outro e estou tomando emprestado?

estes rascunhos já me parecem íntimos, por escolher compartilhar algo que nem sei o que é

 

07/05/2013



 

Gladis pergunta: 

Como você imagina/gostaria o trabalho intimidade dócil como dramaturgia?



Renata responde:

Eu imagino e gostaria de dançar o intimidade dócil aprofundado num modo de se mover. Gostaria que as reflexões e discussões que nos motivaram a propor esse projeto fossem realmente re-elaboradas no corpo e pelo corpo. Imagino um trabalho de dança que investe em tecnologias digitais, mas que investe muito mais numa tecnologia do corpo na sua potência comunicativa.

Como comunicar sensações?

Imagino um espaço de sensações sobre esse corpo dócil - sobre esse corpo que obediente.

Imagino transformações de estados corporais de lugares/sensações como: controle, intimidade e manipulação.

Gostaria de encontrar sensações reais para essas palavras e seus sentidos, onde o movimento realmente ocupa espaço.

06/05​​/​​2013​​​​​​​​​​​​

Estamos testando dois procedimentos coreográficos: no primeiro procedimento partimos de um exercício compositivo da artista Lisa Nelson – Tunning Score. Usamos “Scores” para nos localizar e afinar a movimentação: Abre e Fecha os Olhos, Pausa, Continua e Rebobina.  Esses comandos se relacionam com os comandos de um controle de vídeo/câmera e nos possibilita a sintonia, o ajuste de movimentos e de localização espacial. Trabalhamos na tentativa de construir um ‘estado corporal’ sobre um ‘corpo acusado e desconfortável’; O segundo procedimento parte de investigações individuais sobre ‘intimidade’, o movimento partiu de um exercício de escrita sobre o que nos é íntimo. A partir dessa escrita elaboramos uma célula de movimento, que nos aproxime desta ideia e deste estado de compartilhar algo que nos é íntimo.

30/04/2013



Gladis pergunta:

Como é dançar intimidade dócil hoje?



Renata responde:

Dúvidas!

Perguntas?



Resolvendo com as perguntas em movimento. Move pernas que se deslocam de uma vontade de não ir, um corpo que quer fugir com desejos de não se expor.

Exposições de um corpo, de desejos e pensamentos.

Intimidada por ter que dançar algo que ainda não sei o que é.

Faço um rasgo no espaço e no meu corpo pelas pernas que me levam para um lugar que o pensamento ainda não vai. O pensamento ainda não dá conta do movimento das pernas.

Peso no que eu penso e no que não quero expor.

Desejos de deslocar-se pelas pernas.

Dançar intimidade tem algo de desejar

Tem algo de se expor.

Desconforto.

 



29/04/2013



Procedimento 1- Sobre intimidade

Seios, vagina, anus, barriga...

Não me olhe!

Desconforto.

O que me parece intimo hoje é conviver. Conviver com pessoas que me observam.

Intimidade. Tímida. Intimo. Intimidada.

Expor algo que ainda é só meu. Meus pensamentos e meus desejos.

Privacidade.

Exposição.

Intimo é o que eu escondo?





Procedimento 2 - Corpo Acusado

Corpo esmagado. Mudo, sem muitas escolhas, com poucas direções para se deslocar. Frágil, duro e sem voz. Despencando no último suspiro. Veias, sangue e osso. Duro. Fugindo para eu mesma, tentando rasgar espaços para entrar e para sair, para dentro e para fora. Desorientada por excesso de orientação. Respira pela boca sem fala, se arrasta, cansa e tenta. 

Sem saídas e sem entrada de ar, sem poros respira pelo pouco espaço vazio.

Libera músculos e ossos para tentar abrir espaços.

Espaços que configuram um jeito de olhar e ocupar.

Sem entrada de ar.



29/04/2013



Procedimento 1 - corpo acusado



como começar? caminho... os olhos são tão fortes, acusam...

a boca não consegue falar e eu começo me acusando pela boca, quero empurrá-la para dentro, engoli-la 

a re ainda está em mim, olho pros lados...

como me aproprio do outro, estranho olhar pro outro que sou eu,

onde está meu desconforto? onde o encontro?

me acuso de coisas que não faço, de não falar, de não gritar.



Procedimento 2  - sobre intimidade



meu corpo nu,

minha vontade de...

meu cheiro, meus pensamentos, 

minha competição, 



será que consigo compartilhar algo íntimo ou será que só compartilho o que já está à vontade...



minha intimidade, meus pensamentos...



talvez eu possa falar de intimidade com uma imagem... (de Jan Saudek)

essa boca, essa nudez... algo que esconde e mostra de olhos fechados e peito aberto, 

intimidade é um expor-se muito grande?



Paula Rego

 29/04/2013





Leitura e discussão do texto de André Duarte, professor de filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

Este projeto foi contemplado com o Prêmio Funarte Petrobras de Dança Klauss Vianna/2012

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